"Uma artista sensível mune-se de todas as armas a seu alcance para exorcizar uma dor, uma lacuna que, paradoxalmente, a preenche e constitui."
Difícil explicar exatamente o que esse filme provoca.
Remota as nossa memórias inconsoláveis. Na sala de cinema
foi uma comoção geral, cada um lembrando de sua Elena ou apenas se deixando levar por aquele relato tão pessoal que nos aproximava de tal forma, que nos fazia sentir fazer parte da história.
Nietzsche disse que "A arte existe para que a
verdade não nos destrua", depois de ver Elena essa frase ganhou um sentido mais amplo pra mim. A história nasce de uma dor inominável, o
filme ‘organiza’ essa dor, dá nome, cria forma, como se em uma maneira de incorporar para poder seguir em
frente. Se ela não tivesse transformado essa dor em arte, jamais se desvincularia.
Elena nos soca o estômago num silêncio ensurdecedor e com carinho profundo.
Impossível não pensar nas pessoas importantes da nossa vida durante a projeção. Impossível não pensar em nós mesmos.
No final, Petra pode enfim dizer, com alívio, que a superou. “Enceno a nossa
morte para poder viver.” Em anos e em vida. As memórias do que ficou para trás
vão passando, como um rio cujas águas caudalosas já não têm mais tempo de parar
nas margens e perguntar à procura de alguém. As marcas vão se tornando menos
visíveis, até que passam, bem como as dores.
“Você é a minha memória inconsolável, feita de pedra e
sombra.
E é dela que tudo nasce, e dança.”
Mas, afinal, quem é Elena?
- É arte!